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Cinema

John Wick: Capítulo 4 – O mito volta a superar-se

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[Contém spoilers de John Wick – Capítulo 4] Antes mesmo de conseguir ver o filme pensava em como o franchise conseguiu, ao quarto capítulo, manter o entusiasmo com uma estreia. Com sala cheia, não se sentia que o público estava ali para ver mais um filme e, ao final das quase três horas que podiam ser penitência, estávamos todos agarrados ao enredo e à ação. Não era mais um filme, era um John Wick.

Começando por aspectos não tão positivos: o filme tarda em arrancar, ao ponto de se pensar que a longa duração não é justificada. Há momentos em que se banha na própria contemplação, com longas caminhadas, longo nascer do sol e conversas feitas de frases de poster. Mas em retrospectiva, são tudo coisas que acrescentam algo ao filme. Para que a viagem de John afete verdadeiramente no final, é necessário ver de que maneira as personagens são afetadas e influenciam o protagonista. As cenas de ação são uma vez mais catapultadas para um nível superior, sim, mas o quarto capítulo permitiu-se, mais que os anteriores, desenvolver um elenco mais vasto. Aqui ressalvo obviamente Bill Skarsgard, um menino rico com ambições “para lá do seu valor”.

Na cinematografia temos planos novos que exploram a natureza e ambiente como o franchise ainda não se tinha permitido fazer. A cada capítulo, os filmes foram ganhando uma média de 30 minutos. Uma vez mais essa adição não abranda o ritmo ao ponto de ser chato, o espectador é amplamente recompensado. O início invoca animes como Rurouni Kenshin, temos deserto e discoteca, igrejas e escadarias. Não há como aborrecer.

A ação parece recapitular os melhores momentos dos anteriores três filmes (há uma cena a cavalo e outra numa sala de vidro como em Parabellum, uma fuga de mota e duelos com velhos amigos como no segundo capítulo e luta numa discoteca como no original). As homenagens não se ficam por aqui: a utilização dos cães, do muscle car, as espadas, etc. Até o lápis volta como arma mortal. Como filme que encerra a história, é também ele uma homenagem à viagem de Wick, tornando os filmes mais memoráveis.

Não quero, no entanto, dar a ideia errada de que só há repescagem de ideias. Há várias novas abordagens, com Chad Stahelski a maravilhar com longas lutas e novas maneiras de matar. A cena em que John elimina uma casa cheia de ameaças com recurso a munições incendiárias, filmado de angulo superior (como se estivéssemos a jogar uma versão sangrenta de “The Sims”, assim como o final na escadaria parisiense, entram imediatamente para os anais de glória do cinema de ação.

As grandes novidades ao nível de elenco prendem-se com dois ícones que justificam o seu estatuto. Donnie Yen dá uma seriedade e humor como nenhum vilão até ao momento, usando a cegueira de maneira divertida enquanto é, ao mesmo tempo, o lutador mais competente. Outro duplo/actor com grande destaque é Scott Adkins, quase irreconhecível como o massivo Killa. Adorei como Shamier Anderson (Tracker) não necessita de uma backstory ou identidade para se inserir na história, Clancy Brown empresta imediatamente enorme peso de tradição em tudo o que envolve os velhos costumes da High Table e Hiroyuki Sanada dá perfume com o carisma habitual. Ian McShane, o falecido Lance Reddick e Laurence Fishburne regressam aos seus papeis.

Quanto ao último terço, uma palavra: espetacular!

Assim que John começa a viagem para o derradeiro boss, o filme não mais abranda ou pede desculpas. É o que de melhor se pode desfrutar numa sala de cinema e, tentar descrever o que acontece, é quase sacrilégio. É o despedimento perfeito para uma personagem que revolucionou os filmes de ação, com uma sensação total de objetivo cumprido. Venha a série Continental e outros spin-offs que de certeza brotarão desta árvore.

John Wick é um franchise que os amantes de cinema devem estimar e apreciar por tudo o que alcançou e inovou. Por ter conseguido manter-se consistente na visão e inovador na escala e capacidade em deixar o espectador agarrado. A Keanu Reeves resta agradecer por mais um papel icónico.

Até sempre Jonathan, amigo, amado marido…

 

 

 

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