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Cinema

Ferrari – Uma vida a “Miglia” da morte

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Ferrari

Ambientado no ano de 1957, 10 anos após a criação da “Ferrari”, Enzo (Adam Driver) e sua esposa Laura (Penélope Cruz) enfrentam conflitos no relacionamento enquanto a empresa fica à beira da falência. A única solução: a icónica corrida automobilística de longa distância da Itália, a Mille Miglia.

Sendo esta considerada uma biopic realizada por Michael Mann, conta apenas um período da história de Enzo Ferrari. Baseado na obra “Enzo Ferrari: The Man and The Machine”, e adaptada por Brock Yates, o filme atravessa o período difícil de luto do casal pelo filho Dino que morrera meses antes, enquanto Enzo lida com o reconhecimento legal de um “filho proibido”. Enquanto isso, a empresa precisa de se aliar a financiadores ricos para sobreviver.

Esta nova aventura de Mann, que marca o regresso do realizador oito anos depois, é uma história muito diferente das biopics feitas em 2023. Assemelha-se a Oppenheimer e afasta-se de muitos erros que outros como Maestro deram. É um filme que não só se alimenta do romance entre Laura e Enzo, mas traz esse relacionamento para o ramo do automobilismo, provocando grandes preocupações no futuro da empresa.

O filme é bastante guiado pela morte do filho Dino, guiando as diversas decisões essenciais do casal, mas essencialmente para o lado da mãe (Penélope Cruz). Ela parece ser a mais afetada pela situação, enquanto Enzo se concentra muito mais nas corridas de carros. Mas a morte é um subtema muito interiorizado na narrativa.

O ponto mais forte deste filme é de certeza a dinâmica entre Adam Driver e Penélope Cruz que são dão ‘jus’ aos nome “protagonistas”, dando um espetáculo cada vez que aparecem. Apesar de Adam Driver ser a figura principal, Penélope Cruz leva a coroa de personagem impactante, empenhando-se e entregando uma atuação brilhante que faz até ter raiva da sua personagem. O carisma de Penélope é soberbo e eleva sempre a cena em que participa. É a responsável por momentos-chave do filme e da vida da empresa “Ferrari”. Adam Driver apesar de não ser a tal figura principal como expectável, entrega um bom Enzo cujo as suas características de empresário de automóveis e a sua convicção e objetivos bem delineados. Estes dois quando se juntam no ecrã, e, ao protagonizar uma das cenas mais fortes do filme – uma discussão de ambos sobre a morte do filho – mostram que são uma boa dupla e foram bem escolhidos para este filme.

Apesar do filme se focar muito nesse ramo emocional da vida dos Ferrari, o último ato destaca o que foi criado desde o ínicio: o verdadeiro “vida ou morte” da empresa e dos seus criadores. Nesta última parte do filme é também visto algo que o filme poderia ter trabalhado um pouco melhor: o que passa na cabeça destes condutores, cujo diferentes objetivos pessoais e profissionais se colidem e fazem alguns perder a cabeça e provocar grandes riscos, por vezes, fatais.

As componentes técnicas deste filme estão aceitáveis, dando o maior destaque para a cinematografia e a realização. A conjunção destas duas áreas, ajudou a dar um destaque ao filme que não se valorizou em mais nada. É possível até que se peque pelos efeitos visuais pouco trabalhados. O contexto histórico do filme é bem retratado, mas do ponto de vista das corridas. É possível ver (ainda que escassamente) o que era trabalhar numa área como esta, e que esforços e sacrifícios eram necessários.

No entanto, o filme não chega a ser daquelas biopics memoráveis, e apesar de ter alguns subtextos parecidos com o de “Oppenheimer”, não chega a metade do que o filme de Nolan foi. É um filme que apesar de desequilibrar-se um pouco em momentos grandiosos e deixar um sentimento de “querer mais”, é um bom filme para ajudar o ramo do automobilismo a ter mais visibilidade e quem saiba, a ganhar mais adaptações. Um dos maiores problemas do filme é o excesso de “sotaques” pouco credíveis do Italiano. Visto que o filme decidiu dar uma abordagem típica de House of Gucci, e abordar um filme com guião inglês sobre um contexto italiano, é certo que muitos atores irão se destacar pela negativa ao pronunciar com um sotaque italiano muito estranho. O filme ainda tenta esconder essas “feridas” com algumas palavras típicas, como “Signora” ou “Commendatore”, mas não resulta como é suposto.

Ainda que não seja daqueles filmes que ficará na história como o grande hit de Mann, apesar deste filme estar na mente dele nas últimas três décadas. Mas a ideia de mostrar um percurso difícil na vida desta empresa e dos seus criadores, que ao longo das últimas décadas tem dominado o mercado de automóveis de luxo, está bem exposta.


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Um jovem rapaz que adora o mundo do Cinema e da Televisão. É técnico de som e por isso o seu amor reside nas bandas sonoras. A sua inspiração é o Hans Zimmer e o John Williams. Adora ficção científica e super-heróis, mas não descarta as outras áreas.

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