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Cinema

Oppenheimer: A densidade do Prometeu Americano

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Oppenheimer

Christopher Nolan é o pai da mestria cinematográfica e entrega-nos agora a história do pai da bomba atómica, J. Robert Oppenheimer, com uma forte inspiração base no livro “American Prometheus” de Martin J. Sherwin e Kai Bird. Com três horas de duração, impecavelmente dirigidas, Oppenheimer apresenta-se como um dos filmes mais políticos e densos de Nolan, que parece ter sido retirado da Era Dourada do cinema, com fortes inspirações em obras primas do grande ecrã, como JFK (1991) e Lawrence of Arabia (1962).

“The world will remember this day.”

A riqueza de diálogos e sensação camaleónica do elenco permaneceram sem abalo, tendo sido sem surpresa que certas interpretações brilharam acima da média.
Oppenheimer

Cillian Murphy dominou a personalidade de Oppenheimer, com uma naturalidade fora de série, o que fez com que o simples chapéu e cachimbo fossem meros adereços para completar a sua performance. Outros talentos permanecem inesquecíveis: Gen. Leslie Groves Jr. (Matt Damon), com uma frieza militar; Lewis Strauss (Robert Downey Jr.), com uma personalidade e faceta irreconhecível; Emily Blunt (Kitty Oppenheimer) que tem um desenvolvimento surpreendente; Albert Einsten (Tom Conti) com curto tempo de ecrã e grandiosa aparição.

Não obstante, há outras personagens que sofreram de uma falta de desenvolvimento quase criminal perante as suas representações, como é o caso da jovem atriz Florence Pugh, que interpretou Jean Tatlock, a amante e confidente de Oppenheimer.

“I can perform this miracle.”

Promete ser um sucesso na temporada de prémios que está para chegar, e tirando a nomeação para filme do ano, as possibilidades de ser reconhecido em categorias técnicas como: Melhor Fotografia, Edição e Banda Sonora são altíssimas. Cada acorde electro-orquestrado pelo compositor Ludwig Göransson (Tenet; Black Panther; Creed II) alimentava cada frame que preenchia o grande ecrã IMAX, de uma forma quase inesperada e ritmada.

Nolan afirmou que queria que o público se sentisse como se estivesse lá, em Los Alamos, sem saber como será o clímax da narrativa até o alcançar, acumulando a tensão e a ansiedade, sem saber como e quando se irá libertar.
A dupla visão, objetiva (cenas a preto e branco) e subjetiva (cenas a cor), ajudaram na adição de camadas que contribuíram para o aumento da densidade e maior entendimento do enredo.

Oppenheimer

Pelos saltos na timeline – muito ao estilo de Dunkirk, trabalho prévio de Nolan – navegamos através dos olhos do físico e acontecimentos chave que marcaram para sempre a história da humanidade, da energia nuclear e de estratégias bélicas.

Segundo Cillian Murphy, o filme foi filmado no decorrer de uns míseros cinquenta e sete dias, a um passo incrivelmente rápido, o que acaba por coincidir com a falta de momentos monótonos no decorrer da ação: que ajudou a evitar que Oppenheimer albergasse a fama de ser um filme biográfico de estrutura básica.

“Now I become death, the destroyer of worlds.”

Oppenheimer já se encontra nos cinemas, lado a lado – e numa luta de box office – com o novo e arrojado projeto de Greta Gerwig, Barbie (review aqui). Barbenheimer é o fenómeno cinematográfico do momento.


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