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Análise a “Peacemaker” – Caos do bom

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[Não contém spoilers] Como amante de séries, é por estas que saio da cama. Numa altura em que consigo tirar as medidas à qualidade do produto somente pelo trailer, com uma eficácia altíssima, é profundamente satisfatório ser surpreendido. Peacemaker pega numa temática explorada à exaustão e injeta frescura, loucura, drama e gargalhadas.

A Marvel já tinha provado que o que interessa não é o quão famoso é o herói, mas o o que se faz com ele. Eles aprenderam isto com os Guardiões da Galáxia, esperemos que a DC tenha percebido o mesmo agora. Curioso que tenha sido a mesma pessoa a abrir horizontes…

Hollywood tem um medo genuíno de entregar a liberdade criativa aos criadores, como um pai que deixa o filho ir brincar lá para fora, mas apenas no quintal das traseiras. Esta série é o que acontece quando se deixa alguém competente expressar-se. Serve também de lição para a Disney e para a asfixia criativa que aplica no seu conteúdo. Lembrem-se: fevereiro é o mês em que Boba Fett desilude fãs, mas Peacemaker conquista quase toda a gente… pensem nisto!

James Gunn é sem dúvida o grande arquiteto desta proeza. O gore e a ação da série complementam a absurdidade das conversas e situações, mergulhando na paródia ao estilo e, por conseguinte, a si mesma. O que faz tudo resultar é a qualidade da escrita, o talento extra foi colocar, com sucesso, as suas personagens a ter as discussões mais estupidas e momentos de pura introspeção sem que o publico sinta o “chicote” no ritmo narrativo. Já tinha sido notável o que conseguiu com Suicide Squad no ano passado, levantando a “marca” do fiasco de 2016.

Se Gunn confirmou a sua aptidão como maestro num estilo muito próprio, John Cena foi quem colheu mais frutos deste pomar. Tudo resulta porque o ator consegue vender todos os extremos do guião. Desde dançar em cuecas, a chorar a morte do irmão e passando pelos improvisos cómicos. O elenco foi mesmo escolhido a dedo, já que todos são exatamente o que se espera que sejam. Falharia, no entanto, se não desse destaque a Freddie Stroma (Vigilante), alguém que não é novo nestas andanças da televisão e que serve como excelente parceiro de Ping-Pong com Cena, alimentando a loucura.

Em termos de argumento, curioso para saber de que modo o arco dos Butterflies, deixado em aberto, irá ser explorado na segunda temporada. Ou se a série vais antes partir para outros prados. Peacemaker, a personagem, traçou um arco evolutivo significativo. De alguém que está disposto a matar quem for preciso para manter a “paz” em Suicide Squad, a sacrificar potencialmente o futuro do planeta para salvar os amigos (família em vez de paz, Dominic Toretto ficaria orgulhoso!).

O final poderia deitar tudo a perder se fosse apenas mediano, mas é um verdadeiro clímax. Não só por uma fantástica cena de ação ao som de ““Do You Wanna Taste It?” mas porque consegue atar os laços todos e aliciar o que aí vem. Tudo o que se espera de um finale.

Peacemaker é assim uma vitória para James Gunn, o seu primeiro trabalho como showrunner, argumentista dos oito episódios e realizador de cinco deles (sem esquecer que saiu da sua cabeça um dos melhores genéricos da história recente). Um misto de emoção, violência, comédia e acção que agrada a quem gosta de super-heróis e poderá encher as medidas a quem não os tolera.

Neste mundo de fantasia, Peacemaker está no topo juntamente com The Boys, Preacher e Invicible, veremos se chega a patamares de Daredevil e Legion, quiçá, Watchmen.

Esta temporada consegue ainda mais uma proeza que não pode ser menosprezada: o finale teve uma audiência 44% superior ao piloto. Isto só é possível graças ao hype criado semanalmente, seduzindo mais e mais pessoas para o barco em andamento. A Disney+ (re)começou a fazê-lo com The Mandalorian (porque não tinha conteúdos para alimentar o lançamento do serviço, matando assim dois coelhos) e a HBO Max prova que os lançamentos semanais voltaram para ficar. Na verdade, nunca deviam ter partido, porque há séries que triunfam neste formato.

Nota: a cena final, com a Liga da Justiça, é um sinal de que a DC está pronta a não se levar tanto a serio. Esperemos que seja um momento charneira para o Universo. Curioso também para ver de que modo é que Peacemaker, caso haja um Suicide Squad 3, vai impactar a narrativa (fim do segredo da equipa).

Despeço-me com dois vídeos: os hilariantes bloopers e o making of do genérico.

 

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