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Cinema

Terrifier 3: Especial Halloween!

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Terrifier 3 tem sido bastante comentado nesta “spooky season” por provocar alguns constrangimentos em algumas sessões de visionamento. Relatos de pessoas a sair nos primeiros momentos do filme, a vomitarem e algumas até mesmo a desmaiarem popularizaram uma franquia que já estava na sua ascensão.

Art The Clown tem sido recentemente atribuído para a famosa lista de “Horror Icon”, por ter fugido de todos os “clichês” e fracassos que os filmes de terror têm criado desde o Ghostface e o Jigsaw (os últimos a realmente pertencerem a esta lista), para pertencerem a esta lista. Mas será mesmo que “Art” já entrou nesta lista ou ainda falta muito caminho para o Palhaço mais violento e mortal que há memória?

A verdade é que a sua fama que começou com o primeiro filme “Terrifier”, criado por Damien Leone já se tornou mundial. A magia dos vídeos curtos popularizados pelo Tik Tok, começaram a partilhar excertos do filme, cosplays do palhaço e muitas referências a este personagem que só atraiu mais popularidade. Acrescentando a isto, os relatos mencionados anteriormente de pessoas a passarem mal neste novo filme, só fizeram questionar as pessoas do que é que este fenômeno se tratava. No entanto, a questão de popularidade não é o principal requisito para algo ser considerado Horror Icon, visto que inúmeros filmes com o mesmo marketing que Terrifier, não foram sequer considerados para entrar para esta lista. O que, para mim pelo menos, entra a favor de Art é o seu papel único como um slasher brutal, que já não viamos há muito tempo, talvez desde os tempos de Jason Voorhees. O “melhor” é que talvez seja ainda mais único pelo facto dos filmes ajudarem a mostrar a violência inacreditavelmente explicita que Art prática.

Usando isto como ponte para falarmos do Terrifier 3, a violência dos dois primeiros filmes é superada logo no início deste terceiro. Art, fantasiado de Pai Natal, entra numa casa tradicional para “entregar presentes”. Uma das crianças do casal, presenciou o “Art de Natal” perto da árvore a retirar algo do saco, que depois, descobrimos que é um machado. Pronto, a brutalidade começa aqui. Art sobe as escadas e com o seu machado entra no quarto e faz a sua primeira vítima, outra criança do casal. Sem o espectador ver a cena em si, o desenho de som é só por si brutal. Art saí então do quarto com o seu machado ensanguentado e logo a seguir, entrando no quarto do casal, mata o pai da família da forma mais brutal, sem hesitação possível. E claro, o espectador notícia toda esta cena. Quem acorda devido ao barulho estranho (o machado a bater fortemente no corpo do seu marido) com o corpo todo ensanguentado é a mulher do casal que estando ao lado do seu marido na cama, fica em pânico ao ver que o seu parceiro de vida foi abatido (e ainda estava a ser quando ela acorda) da forma mais brutal. Então, ela corre para pegar nos seus filhos e vai descobrindo que uma das suas crianças está completamente desmembrada na cama do seu quarto (e claro, o espectador vê o corpo completamente desmembrado). Não querendo alongar mais do que já fiz na descrição desta cena inicial, a mulher acaba com o mesmo destino de todos os outros, completamente cortada ao meio com imenso graficismo que o espectador tem o “prazer” de observar. Quem sobra é a outra filha do casal (a que observava o Art vestido como Pai Natal), que se escondera num armário da cozinha mas que infelizmente fora descoberta pelo Art, que, desta vez sem o espectador observar, e com alguns planos de câmera explicitos, concluimos que a criança teve o mesmo final que os restantes membros da sua família.

Esta foi a cena inicial do filme que muitos consideraram “de mais” para os seus estômagos e que fizeram pessoas passarem mal e saírem das sessões logo nos primeiros minutos. E quem as poderá sensurar, o filme não poupa no sangue nem da violência explícita que quer oferecer.

É neste requisito que a franquia “Terrifier” e o próprio ícone do filme “Art The Clown” são únicos. Mostrar a violência realista e com bons efeitos práticos que nenhum outro filme moderno teve a coragem de oferecer. É provável que as últimas vezes que tenhamos visto um filme assim fora algum filme tipo B de má qualidade dos anos 80/90.

Mas você, leitor desta crítica, não espere que o filme tenha gasto todos os seus galões de tinta nesta cena. O filme ainda reserva cenas mais brutais e violentas. Mas primeiro, o filme volta para aquilo que, para mim, poderia ficar de fora no primeiro plano e estraga a magia do filme… a sua lore.

No primeiro Terrifier o principal problema não é a sua história, que na verdade, na altura, era só um palhaço muito violento que acaba por morrer no final e ressuscita, aqui já começa a soar estranho esta ideia, mas o espectador aceita, até porque tinha visto o clichê dos filmes de terror (personagens estúpidas, momentos sem sentido, pouco terror e muita violência gratuita) em ação. O problema paira mesmo no segundo filme onde o Art é elevado para um estatuto de entidade demoníaca (ou ponte para uma) e a personagem principal desse filme Sienna Shaw (Lauren LaVera) é elevada para uma figura mística com poderes que salva o dia no final.

Esta é também uma personagem caricata pode estar ao mesmo nível de personagens como Sidney Prescott (Neve Campbell de Scream), Laurie Strode (Jamie Lee Curtis) ou Ellen Ripley (Sigourney Weaver em Alien) nos termos de “Final girl/Survivor Girl”. Se considerarmos Art, The Clown como um Horror Icon, então teremos de considerar Sienna Chaw como Final girl.

Mas voltando ao tópico de desenvolvimento do Terrifier 3, o longa erra ao tentar voltar a este tema como se fosse uma espécie de “Paraíso x Inferno”, visto que neste filme eles assumem mesmo a entidade demoníaca que controla Victoria Hayes, uma personagem sobrevivente do primeiro filme com a cara completamente desfigurada pelo Art que se torna uma “discípula” dele (mais ou menos como a Amanda Young foi em Saw); e o Paraíso sendo representado pela figura de Sienna (que no segundo filme assumiu mesmo o cosplay de uma das personagens de banda desenhada do seu pai, utilizando asas e uma armadura).

Este tema é algo que o filme não necessitava, podia bem ir beber dos clichês dos filmes do gênero onde o vilão e a protagonista final têm uma batalha sem envolver coisas místicas, visto que o seu gore único, o personagem “inovador” e toda a narrativa até esse momento estão bem estruturadas dando ao filme já uma construção sólida para se sustentar com qualquer final. Para comprovar este meu pensamento, é só ir a este final onde respeitando as “regras” do restante filme, a violência e cenas brutas acontecem novamente. Envolvendo crânios humanos, tubos e ratos na garganta de personagens, mutilação e ossos partidos, isto tudo, com a fórmula “Terrifier”.

Veredito final:

Concluindo, Terrifier 3 é um filme que eleva Art The Clown para um novo patamar e a partir daqui abre a carta de votação para ser considerado um Horror Icon. O filme apesar de continuar com alguns problemas de escrita, melhora bastante em relação aos seus antecessores, pecando ainda no desenvolvimento das personagens “do bem”. Os efeitos práticos estão cada vez melhores, assim como o desenho de som que neste filme tem muita importância para construir uma soundscape mais brutal e arrepiante. Com certeza um filme apropriado para ver, hoje, no dia das bruxas.

Happy Halloween!

6/10

Um jovem rapaz que adora o mundo do Cinema e da Televisão. É técnico de som e por isso o seu amor reside nas bandas sonoras. A sua inspiração é o Hans Zimmer e o John Williams. Adora ficção científica e super-heróis, mas não descarta as outras áreas.