Maestro – Um filme pouco pautado

Baseado na vida do Maestro Leonard Bernstein, Bradley Cooper assume um monte de funções para trazer a história deste Maestro para o grande ecrã. Realizador, escritor e protagonista, Cooper tem ajuda na produção deste filme de grandes nomes do cinema, como Martin Scorsese, Steven Spielberg e Todd Phillips.

Apesar de ser um filme sobre a vida de Leonard, e fazer parecer que é uma biopic, o filme apenas foca-se sobre a relação dele com Felícia Montealegre (Carey Mulligan), deixando o “Maestro” para segundo plano, algo muito estranho para um filme que apresenta este título. Penso que seja aqui, logo antes do filme começar, que o filme comete o seu primeiro pecado.

A verdade é que muita da componente musical serve apenas para lembrar ao espectador a obra deste grande artista. Porque se colocassem um outro nome e dissessem que esta era apenas a vida normal de um personagem ficcional, o esquema até podia colar. Isto foi algo que para mim já me deixou triste no resultado final.

Em termos musicais apenas existe um momento que fica na memória: a orquestra na capela. Um dos momentos mais intensos e das melhores experiências sonoras do ano de 2023. No que toca ao relacionamento, o espectador entra em profundidade na relação de Lenny e Felicia. À semelhança de outro filme estreado no mesmo ano, Priscilla, baseado num livro de Priscilla Presley, este não tem quaisquer evidências verídicas sobre o tipo de memórias que ambos possuíam. Apresenta uma pesquisa complexa e avançada mas pela visão de um membro do casal, com momentos “romantizados” que põem em causa realismos apresentados pelo filme.

O filme é dividido em dois momentos e bastantes contrastados: inicialmente a preto e branco – o momento da felicidade do casal, e a cores – onde vemos um deterioramento do relacionamento, a ocupar mais espaço de tela. É também neste segundo momento que vemos o núcleo familiar mais assente no filme, apesar de não perceber se é realmente isto que quer apresentar. O que é uma pena, porque a família apesar de aparecer em demasia, é uma parte essencial para o final emocionante que o filme entrega. Existe apenas más gestões no guião que não consegue acompanhar uma componente artística tão boa.

Bradley Cooper consegue uma vez mais mostrar que é capaz de realizar um bom filme e supera o que fez em “A New Star is Born”, de 2018. Ao mesmo tempo que realiza e escreve, Cooper vai em busca daquele lugar nas premiações que tanto deseja, entregando uma excelente performance, colocando toda a sua vontade de atuar no ecrã. Contudo, não é capaz de ofuscar a brilhante e incrível Carey Mulligan, que entrega uma performance tão ou mais magnífica, “roubando” as cenas em que aparece.

Parece que em Maestro, Cooper teve dificuldade enquanto “maestro” de filmes, Ao abarcar ainda o terceiro trabalho, de guionista, esta ficou prejudicada. O que faz com que ainda não tenha sido desta que o artista recebe uma nota 5 nas suas funções conjuntas.

Resumidamente, Maestro é um filme que não trata especificamente da componente musical mas ao invés entra no relacionamento emocionante, por vezes disfuncional mas amoroso, de Leonard Bernstein e Felicia Montealegre. Entrega das melhores performances do ano, enquanto ouvimos um som “escasso” mas potente da maestria deste grande compositor.

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