Cinema
Análise ao “Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania”
[A análise contém alguns spoilers] Oficialmente, Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania cria uma nova rutura no espaço-tempo e inaugura a Fase 5 do Universo Marvel. Mas será que o faz com o pé direito?
O conceito multidimensional deste Universo não é uma novidade (já abordado em dois filmes e duas séries anteriormente), nem sequer o vilão é novo (Kang foi apresentado em “Loki”), então o que torna este filme relevante? No fundo, nada. Da mesma maneira que Iron Man 3 e Black Widow não foram anteriormente.
Scott Lang, a viver dos louros de Endgame, está resignado a uma vida pacífica em que o único tumulto é a rebeldia da filha. Uma experiência de garagem vem mudar isso (porque estas crianças da Marvel conseguem fazer o quiserem!) e catapultar o nosso herói e a família de volta ao Universo Quântico e à violência de Kang.
O filme tem aspectos positivos, principalmente para quem o desfrutar em IMAX 3D. Um mundo rico em cor e criaturas (semelhanças a Star Wars são óbvias). Se nos deixarmos levar pela viagem “alucinogénia” do mundo quântico, é uma boa trip visual. O outro grande chamariz é sem dúvida Jonathan Majors.
Já tínhamos visto uma variante em “Loki”, mas o Conquistador apresenta-nos um Kang mais cruel, sem tempo ou paciência para piadas. Considerando o teor dos recentes filmes da MCU, esta seriedade do antagonista é mais do que bem-vinda. Infelizmente é vincado aqui o limite do que podemos elogiar em Ant-Man e a Vespa.
O filme pede-nos constantemente que aceitemos o que estamos a ver e não questionemos muito. Desde a maneira como a família é puxada para a aventura, passando pelos poderes de Kang (que variam entre um Deus imbatível e um general que precisa de um exército), ou até mesmo um inimigo derrotado por uma colónia de formigas que teve mil anos para evoluir, enquanto nenhum tempo passou pelos restantes viajantes.
Como vem a ser regra, a Marvel não se leva a sério e pede ao espectador que faça o mesmo. O perigo desta fórmula é que enfraquece o Universo que as primeiras três fases criaram, aproximando-se seriamente do ponto de não retorno. Não sendo capaz de nos oferecer uma alternativa, e assim que os heróis originais saírem definitivamente, perde-se qualquer incentivo para acompanhar esta epopeia.
Exemplo das pobres escolhas é MODOK, um dos pontos mais fracos do filme. Não só o seu conceito é parvo (dentro do esticão que o filme nos pede à suspensão da credibilidade), mas é mais uma daquelas personagens que não se percebe o que adiciona ao filme. Começa por ser uma ameaça e acaba a ser uma paródia de si mesmo. Thanos só teve direito a presença de ecrã em Infinity War, mas nem assim o talento de Majors foi explorado como deveria ser aqui. O carisma de Paul Rudd limitou-se a chamar pela filha durante duas horas. É de lamentar tamanho desperdício.
Em suma, e talvez explique as análises divididas que o filme tem recebido, o mais recente Ant-Man é um filme perfeitamente dispensável, que pouco ou nada acrescenta.
Nota: Nas duas cenas pós-créditos, vemos a primeira agregação do concelho de Kangs, antevendo que o próximo desafio para os vingadores virá de de todos os lados. Vemos também o que deverá ser a primeira antevisão para a segunda temporada de Loki. Lembre-se que foi a série da Disney+ que introduziu a personagem de Kang pela primeira vez.
O filme está em exibição, a partir de hoje, nos cinemas.
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