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Uma homenagem a Peaky Blinders
Peaky Blinders é uma das produções mais emblemáticas e extraordinárias que tem marcado o mundo das séries e que nunca iremos esquecer, sendo que a sua sexta e última temporada já podem ver na plataforma da Netflix, desde o dia 10 de junho.
Considerada como uma das séries mais populares da atualidade desde 2013, esta ideia magnífica e tão bem executada por Steven Knight mistura elementos ficcionais com a história original do gangue Peaky Blinders que dominaram intensivamente Birmingham desde o final do século 19 até ao início do século 20.
Esta é uma história baseada em factos reais que se desenrola em Birmingham, no ano de 1919, após a 1ª Guerra Mundial, onde criminosos muito bem vestidos e com lâminas afiadas nas respetivas boinas fazem parte do gangue Peaky Blinders. A família Shelby é a responsável por este gangue e à medida que o negócio, tanto de contrabando como de esquemas ilegais de apostas de corridas de cavalos vai crescendo, eles também sobem ao poder rodeados com diferentes aliados dentro do sistema político ou até mesmo da própria polícia e com alguns inimigos á mistura, que estão constantemente a vigiá-los.
O líder é nada menos do que Tommy Shelby (Cillian Murphy) que regressou recentemente da 1ª Guerra Mundial e quer estabelecer o seu domínio e poder em Birmingham. Além disso, ele quer transformar o seu negócio ilegal num legítimo, mas para isso acontecer, Tommy terá de passar por muitos obstáculos, seja a nível familiar e sem deixar de ter a presença tanto de comunistas no seu território como de outros inimigos. Os seus braços direitos são os irmãos Arthur Shelby (Paul Anderson) e John Shelby (Joe Cole) e a sua tia Polly Gray (Helen McCrory) que é a responsável por tratar da parte financeira do negócio.
Peaky Blinders é uma série britânica fabulosa que mostra a vida em Birmingham numa época específica e que cativa o espetador, desde o início até ao fim de cada episódio, sendo que ensina que misturar negócios com a família nem sempre pode correr bem. São vários os fatores que tornaram esta produção legendária e que continua a conquistar diversos admiradores a nível internacional, muito graças à sua transmissão na Netflix.
O seu elenco de luxo é um dos responsáveis pelo sucesso da série que tem nomes repletos de talento como Cillian Murphy (Tommy Shelby), Sam Neil (Chester Campbell), Helen McCrory (Polly Gray), Paul Anderson (Arthur Shelby), Joe Cole (John Shelby), Tom Hardy (Alfie Solomons) e Noah Taylor (Darby Sabini).
Um dos maiores destaques da série ser tão peculiar e de apresentar uma identidade única é devido à performance incrível e fenomenal que Cillian Murphy faz da personagem complexa que é Tommy Shelby. Ele interpreta uma pessoa com uma personalidade forte que é manipuladora, violenta, ambiciosa, emblemática e que impõe um grande respeito por parte da população de Birmingham.
Além disso, as personagens femininas acabam por serem inspiradoras e determinadas numa época em que as mulheres não tinham qualquer tipo de poder. O principal exemplo disso é sem dúvida, a personagem da Polly Gray que trata dos negócios da família quando Tommy está ausente e que é intimidante para quem lhe faz frente. De uma certa forma, ela é a alma desta família que tem uma forte intuição, sabendo sempre o que dizer com palavras que criam um impacto imediato e também como deve enfrentar as dificuldades que vão surgindo. Infelizmente, nesta última temporada não temos a oportunidade de acompanhar mais sobre a evolução carismática da Polly Gray, devido ao falecimento prematuro da atriz Helen McCrory que desempenhava esta mulher na perfeição. Porém, foi realizada uma homenagem bonita e bem merecida ao longo destes últimos episódios!
Apesar de toda a violência, o espetador acaba por ter empatia com as personagens principais deste drama criminal, pois muitas das ações e decisões tomadas por Tommy Shelby acabam por ser de uma certa forma, justificáveis. Mesmo com todos os conflitos e diferenças familiares que vão ocorrendo, cada membro da família Shelby está presente para quando for necessário. Um exemplo disso é a relação dinâmica entre os irmãos Shelby que cativa constantemente, devido ao companheirismo que têm uns com os outros.
Um outro ponto positivo da série é a sua banda sonora, dos quais fazem parte nomes como Arctic Monkeys, Radiohead, Nick Cave, entre outros. Muitas são as músicas incluídas nesta história, principalmente quando há cenas de ação e de luta. Na minha opinião, a música que fica na memória é a do genérico da série que foi criada por Nick Cave and The Bad Seeds e chama-se “Red Right Hand”. Foi uma música muito bem escolhida para fazer a construção da identidade de Peaky Blinders e não é que fica no ouvido? Uma coisa é certa! Sempre que a música começa a tocar, seja onde for, a associação à série é logo imediata!
O argumento de cada episódio é muito bem escrito e está sempre repleto de surpresas, em que deixa qualquer um prendido ao ecrã. A fotografia em si representa bem a história que está a ser contada, sem esquecer bons ângulos de filmagem. Também são abordados vários temas importantes na sociedade, como a violência; o feminismo; os traumas causados pela Guerra e como cada personagem lida com isso; o comunismo; os diferentes negócios de contrabando e apostas ilegais; a importância que a lealdade e a proteção têm para um gangue; os conflitos familiares e muito mais.
Sabiam que uma das fábricas responsáveis pelos figurinos da série é localizada em Portugal? São muitos os pormenores necessários para criarem o seu guarda-roupa. Os figurinos são deslumbrantes e fazem parte dos fatores característicos deste drama, como é o caso dos fatos e das lâminas afiadas incluídas nas boinas de cada membro dos Peaky Blinders.
Relativamente à última temporada, uma coisa que chegamos logo à conclusão é que o pior inimigo de Tommy Shelby é sem dúvida, ele próprio. E por isso, o caminho que ele vai continuar a percorrer irá ser cheio de reviravoltas, surpresas, armadilhas, conspirações, dilemas, caos, violência, perdas, conflitos, tiroteios, lutas, manipulações e traições que ninguém vai querer perder! São episódios que sabem a pouco, mas que valem a pena a espera e não vão dar conta do tempo a passar. Temos a oportunidade de conhecer um lado diferente do protagonista e a continuação da sua luta constante para obter aquilo que ele quer, não importa as consequências!
Peaky Blinders é uma série legendária com carisma que possui uma identidade própria, juntamente com os seus símbolos e as suas frases marcantes. É uma produção brilhante que se destaca à sua maneira e eu aconselho todos a verem, sendo que está muito bem feita, devido à interpretação dos diferentes atores, realização, argumento, figurinos, fotografia, banda sonora, cenas de luta, montagem e edição. Uma obra prima viciante, surpreendente e autêntica que conquistou o público desde o primeiro minuto e que vai deixar saudades!