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Cinema

Análise a “A Guerra do Amanhã”

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[Contém spoilers] The Tomorrow War é o mais recente “Blockbuster” da Amazon e de Chris Pratt. Um tradicional filme de aliens, invasão, ação e comédia para entreter. Mas conseguirá o filme alcançar isso mesmo ou fica demasiado preso na longa duração e nas falhas do argumento?

Obviamente, ninguém espera que tudo faça sentido neste tipo de filmes. Aliás, a experiência diz-me que o público quase espera a parvoíce porque sem ela não há tanto entretenimento, como se a lógica fosse um colete de forças que prende a alegria. O problema é que por vezes o filme tenta explicar alguma da ciência utilizada, e em vez de responder às perguntas, levanta outras. Além disso, muito do avançar da história depende do que é preciso explicar. E o filme não mede os passos na altura de saltar o Grand Canyon de buracos narrativos. Aqui uma lista de apenas alguns:

  • Nunca é explicado porque é que duas versões da mesma pessoa não podem estar no mesmo espaço temporal. Os pais viajam para salvar os filhos e netos, se morrem e a descendência fica viva no futuro, não há razão para o paradoxo de não poderem coexistir duas versões na mesma altura.
  • Não é explicado porque é que a “aterragem” do protagonista no futuro sofre abalo que o leva a aterrar na piscina. As proteções da “jangada” do futuro (que está protegida por três muralhas como a malta de Attack on Titan), só são finalmente ultrapassadas quando a captura da rainha leva ao enxame. Não há aparentes sinais que tenha sido ultrapassada antes…
  • …Se foi atacada anteriormente, e os aliens sabiam da sua localização, à quantidade de pessoas/comida que lá vive era razão mais que suficiente para aquilo ser atacado dia e noite!
  • Nunca é explicado o “Sábado” dos aliens e para que serve. Mais, as viagens são programadas para esses dias, em que as criaturas estão no ninho, mas nesse dia há um ataque no meio do oceano e em Miami…
  • Porque é que uma espécie tão pragmática na altura de caçar e comer se dá ao trabalho de decorar os ninhos com raízes no exterior?
  • A nave é encontrada no gelo, mas não é explicado porque é que o degelo é que leva ao escape. Seria mais fácil dizer que os ovos eclodiram naquela altura apenas. Pode-se argumentar que era uma grande profundidade para escaparem e hibernaram enquanto a fuga não é possível, mas os ninhos deles são debaixo da terra! Esta é malta que escava bem…
  • É suposto aceitarmos que a rainha ainda tinha resíduo de poeira do vulcão na garra?! Anos após ter emigrado para os Estados Unidos da Rússia e ter cravado as unhas em tanta carne?!
  • Quantas vezes é que vimos filmes de invasões em que, se for eliminada a Rainha/Nave Mãe, o problema se resolve?! Starship Troopers, Ender’s Game, Edge of Tomorrow, Battle of Los Angeles, Independence Day… Até em Alien, em que além da rainha se copiou o facto de a ameaça ser uma carga de outra raça (Predadores).
  • Se a Yvonne Strahovski é líder das tropas (se não a principal, é muito influente), como não pode impedir ou atrasar o bombardeamento na cidade?
  • Uma malta com uma tecnologia que permite viajar no tempo não consegue prender a rainha melhor do que usando umas correntes? Algo que prenda a boca e a impeça de fazer chamamentos? Os machos detetam a rainha pelo chamamento ou há algum tipo de GPS?!
  • Chris Pratt é militar e cientista, tem um aluno que por acaso é maluco por vulcões, um pai que consegue coloca-lo na Rússia, a filha é a Sarah Connor dos cientistas e a mulher apoia os soldados traumatizados pela guerra. A genética, principalmente o cromossoma da conveniência e do argumento, são bastante fortes neste indivíduo.

Alguns sou eu a embirrar, é certo, mas outros são favores muito grandes a pedir ao público na altura de requisitar a Suspensão de descrença. Não nego que se passa bem duas horas com ação, efeitos especiais e humor, mas até isso pode ser um “senão” para alguns. Não chego ao ponto de dizer que o filme dura para lá do que aceitamos inicialmente (esta raça de entretenimento normalmente dura menos para se digerir melhor), mas não deixa de haver dois finais.

Para além do que já referi, tenho pena o desperdício de uso de Mary Lynn Rajskub, mas agradeço imenso que a história tenha tido um fim. Nos dias de hoje, e principalmente naqueles que saem das fábricas do streaming, todos os filmes têm finais em aberto para pescar as sequelas. The Tomorrow War é um conjunto de clichés, mas é também um período bem passado como só um ator com o carisma de Chris Pratt consegue tornar tolerável. Se não se pensar demasiado é fácil ver, esquecer e passar para o próximo conteúdo do catálogo.

O filme já está disponível no Amazon Prime Video.

Os especialistas do Conteúdo da Cultura Pop.

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