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Cinema

Será fácil entrar e crescer no mundo da droga na Coreia do Sul? E nos anos 70?

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Quando não sabem o que ver no meio de tanto que têm para ver…

Uma coisa que me acontece muito é ter uma lista vasta de filmes e séries para ver, mas acabar por ver algo que não está na lista. Tendo sido isso que aconteceu numa tarde passada com o namorado, após ver no cartaz a cara de Song Kang-ho. O espetacular ator de Parasite, mas que uma fã de entretenimento asiático já conhecia de outras bandas, como The Host, Age of Shadows ou Snowpiercer.

The Drug King é um filme sul-coreano de 2018, realizado por Woo Min-ho e com um elenco espetacular, que se encontra no catálogo da Netflix. É baseado na história verídica do maior traficante de droga na Coreia do Sul, Lee Hwang-soon, que construiu todo um império de droga, nos anos 70, do submundo de Busan até ao Japão. Uma raridade na época em que saiu, abordagens ao mundo da droga eram diminutas.

Song Kang-ho, interpreta Lee Doo-sam (Lee Hwang-soo), um pequeno vigarista e contrabandista de joias, mas com uma grande veia de empreendedor que quer mais dinheiro e poder. Quando se apercebe que na Coreia se consegue produzir metanfetamina (na altura chamada de “crank”) de qualidade, vê oportunidade de ganhar milhões de dólares. Arranjando um excelente cozinheiro Lee constrói um plano de distribuir a droga para lá do oceano até ao Japão.

 

Será que já vi isto em algum lado?

The Drug King dá bastantes vibes de Breaking Bad, todavia neste caso não é o protagonista que cozinha. E ainda sentimos uma mistura de Scorsese, Tarantino e De Palma. As influências estão lá e o realizador orgulha-se delas, apesar de num próximo trabalho querer torná-las menos óbvias. A realização é excelentemente executada, com uma mistura de cinematografia espetacular (que os coreanos já nos habituaram) e banda sonora magnífica que vai do rock-n-roll da época à clássica. A música é excelente, não se esqueçam disso.

Nós que estamos habituados a filmes e séries sobre traficantes, droga, na América, tanto na do Norte, como na Central, como na do Sul, podemos esquecermo-nos que ela na realidade é um problema global que desde há muito tempo viaja entre oceanos. Ver o mesmo problema abordado por culturas bastante diferentes das nossas, dá-nos uma sensação da familiaridade e de certo modo acolhedora. O que para mim puxa aquele fascínio de ver como afinal de contas o ser humano não é assim tão diversificado, mas isso é o que eu penso, e pode ser completamente o oposto para vós e acharem que é mais do mesmo sempre.

Performances estupendas que merecem ser vistas

O ascender num mundo tão dark como o da droga, leva a todo um turbilhão de experiências e consequências na vida de Lee. E nessa jornada, uma vez mais, vemos o quão brilhante é Song, onde conseguimos perceber a ambição e vulnerabilidade da personagem, quase numa cena trágico-cómico. Toda a sua performance consegue entreter o espetador.

O leque de personagens que apoia esta viagem pessoal de Lee envolve um grupo de atores magníficos e já conhecidos. A amante que o apoia e ajuda a encontrar mais contactos, interpretada por Doona Bae (Sense8, Cloud Atlas, Kingdom), o primo que é um sidekick inicialmente, mas que toma um rumo não agradável, é-nos conhecido de Hospital Playlist, Misaeng e The Sound of Your Heart, o versátil Kim Dae-myung e claro não podia faltar o aquele que faz de Lee o seu Némesis, um, inteligente mas com uma personalidade de porcaria, agente especial da Korean Central Intelligence, interpretado pelo hilariante, todavia que aqui tem um papel menos cómico, Jo Jung-suk (Hospital Playlist, Oh my Ghost). Todavia, a viagem das personagens pode ser um pouco esquecida e deixada para trás ao longo do filme. É um dos senãos do filme.

O filme a dadas alturas pode parecer aborrecido, longo. Mas a comédia negra, a realização, as performances tornam-no num filme agradável de se ver, como um amigo que há algum tempo não víamos. É um género de Scarface coreano. É ambicioso, engraçado e pode ser adorado ou odiado, dependendo do gosto de cada um. Uma masterpiece para uns, nada de especial para outros.

Dêem-lhe uma oportunidade! Decidam por vós.

Deixo para aguçar curiosidade uma das conversas importantes para a jornada de Song.

“Não aprendeste divisão nas aulas de Matemática?”

“Não é isso que aprendemos em Línguas? Não causar divisões.”

 

 

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Mais conhecida como Vicky, é bioantropóloga com um enorme gosto por ossos, esqueletos e evolução humana. Tem uma paixão desde que nasceu pela cultura popular, de literatura ao cinema. Uma geek assumida e orgulhosa! O seu hobby preferido atualmente é perder-se na cultura popular asiática, especialmente nos anime e K-dramas.

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