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Cinema

Next Goal Wins – A jogada pouco estratégica que resulta

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Next Goal Wins

Next Goal Wins, realizado por Taika Waititi, é um filme baseado na história real da seleção de futebol de American Samoa que, em 2011, e após 13 anos de conexão com a FIFA, conseguiram a primeira vitória e primeiro golo num jogo qualificador para o Mundial.

O filme apresenta a equipa da American Samoa como a pior que existe (no contexto histórico do filme), “liderando” a última posição do ranking da FIFA. E para tentar fazer o milagre mais milagroso de todos, Thomas Rongen (Michael Fassbender) é contratado para liderar esta equipa com apenas um desafio: marcar um golo.

Este desafio parece um bocado exagerado do ponto de vista lógico. Mas a verdade é que na história da American Samoa, eles nunca marcaram sequer um golo em “jogos oficiais”. E sim, digo “jogos oficiais” porque na verdade esta equipa já marcou golos anteriormente. A verdade, é que “Next Goal Wins” tem imensas incoerências ao longo do filme, para além de mentir em boa parte. O que para um filme que pega numa história verdadeira, é terrível. No entanto, é óbvio que este tipo de filmes vêm sempre com algumas alterações para justificar alguns caminhos que o guião toma em prol do drama ou da ação do mesmo.

Por exemplo, a verdade é que a seleção da American Samoa já marcou golos sim (ao contrário do que o filme faz entender), e isso aconteceu logo no ano de criação (1983) onde marcaram apenas um golo na sua derrota contra a Western Samoa. Assim como a sua primeira vitória veio logo 2 dias depois, ao vencerem a Wallis and Futuna por 3-0.

Outros erros do filme incluem os marcadores do encontro final do filme frente a Tonga; os minutos dos golos marcados (o que serve apenas para dar drama ao filme); e a pior delas todas: a definição de pior seleção do mundo (visto que nesse mesmo ano, mais seleções estavam abaixo da posição indicada no filme (205 – o que na verdade é também mentira porque eles encontravam-se na posição 204), como Andorra (205); Montserrat (206); Samoa (207) e San Marino (208 – e a verdadeira pior seleção do mundo)). Apesar de isto não ser um documentário e o filme claramente não se importar com este tipo de veracidade (o que o próprio Taika Waititi tenta defender no início do filme), ainda existe momentos que o filme precisa de se assegurar ao que promete: “uma história real”, o que no final deste filme senti que foi largado e empurrado para o fundo dos créditos.

No entanto, se a história de maneira diferente, ainda é possível nos divertimo-nos com ele. Apesar de ter um problema estranho com a comédia, pois ela é bastante divisiva: onde de um lado a comédia forçada é fraca e sem piada, do outro temos a comédia “inesperada” que funciona muito bem. Isto é claramente um erro do realizador que tenta encaixar comédia em muitos momentos do filme sem a necessidade, o que acaba por criar uma bola de neve e estragar outras piadas que poderiam ter funcionado muito bem.

Michael Fassbender está também muito bem no papel de treinador com uma história de auto-descoberta intensa. Pegam num episódio trágico da vida de Thomas Rongen, a morte da filha e transformam na motivação do personagem para motivar-se a si mesmo e à equipa para tentarem alcançar os seus objetivos. É uma bonita mensagem que traz o conforto e drama necessário para sobrepor-se à comédia instável.

O filme acerta bastante da química entre Jaiyah (Kaimana) e Fassbender ao colocarem a amizade como o coração do filme. Uma amizade bastante comovente que ainda dá um toque na questão da igualdade e nos direitos das pessoas transexuais no mundo do desporto, assim como Jaiyah fez na vida real ao assumir-se como a primeira pessoa transexual nos qualificadores do Mundial. A música tipicamente do país, as paisagens belas, a língua mantida e o respeito pela cultura religiosa de American Samoa são bastante importantes e felizmente trazidas para o filme e para o seu contexto.

Apesar de muitos erros de realização e escrita de Taika Waititi, o filme traz uma boa mensagem, com um final dramático mas agradável e uma boa narração deste momento tão importante para a comunidade de American Samoa.


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Um jovem rapaz que adora o mundo do Cinema e da Televisão. É técnico de som e por isso o seu amor reside nas bandas sonoras. A sua inspiração é o Hans Zimmer e o John Williams. Adora ficção científica e super-heróis, mas não descarta as outras áreas.

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