Cinema
The Killer – Análise
Três anos depois de Mank, David Fincher volta a estar no olhar do público com o mais recente thriller de ação psicológico, The Killer. Fincher reúne-se com Michael Fassbender para entregar um dos filmes mais esperados do ano, e considerado por uns, um dos melhores de 2023.
Não entrando em muitos spoilers, The Killer é baseado na comic francesa homónima, escrita por Alexis Nolent e Luc Jacamon, onde somos apresentados a um misterioso assassino de aluguer (cujo nome nunca é revelado) que acaba por cometer um erro e, por causa disso, pessoas mais próximas acabam por sofrer as consequências. A missão deste assassino passa a ser outra: ir atrás dos responsáveis pelo atentado, mesmo que seja preciso atravessar o globo.
David Fincher já nos habituou a grandes thrillers que não entregam a narrativa logo nos primeiros momentos, em vez disso, somos surpreendidos com momentos reveladores que direcionam o filme. Este, não entrega o primeiro ponto referido nem o segundo. Equilibra-se entre uma narrativa tradicional do género que constrói um caminho novo a cada momento, mas que no seu final, não passa de apenas algo comum neste tipo de filmes. Simplificando, acaba por ter um final simples e sem plot twists que façam o espectador questionar-se, como em Seven (1995) e Zodiac (2007).
Apesar desse pequeno senão (a meu ver), o filme impressiona o espectador com a delicadeza dos pequenos detalhes do cotidiano do protagonista, já que a sua personalidade perfeccionista, que por acaso se assemelha muito à de Patrick Bateman (American Psycho, 2000), desenvolve uma espécie de rotina de preparação. O espectador, guiado pelo voice-off, consegue entender esse ciclo de perfeição, tornando o filme mais interessante. É a quebra do ciclo logo no início do filme que provoca uma constante dualidade no personagem durante o resto da história.
Destaco também a fotografia de Erik Messerschmidt (vencedor do Óscar de Melhor Fotografia de 2021 por “Mank”) e a banda sonora de Trent Reznor e Atticus Ross, que ajudam a dar mais brilho ao filme, recorrendo às imagens belas e dramáticas e às sonoridades complexas e intrigantes, que se adequam muito bem ao universo do filme.
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