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Cinema

Call Jane – “Nós ajudamos mulheres, sem questionar”

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O título do artigo é a premissa de todo o filme. Focar naquele ideal de que todos juntos fazemos a diferença. É o dizer: “Tu não estás sozinho”.

Imaginemo-nos no final dos anos 60, em que o papel da mulher é diferente do que é atualmente. O mesmo acontece com os diretos e deveres da sociedade. Apesar de haver uma diferença de 55 anos entre onde se situa o filme e o nosso presente, a verdade é que continuam a existir inúmeras batalhas (muitas delas semelhantes). É visivelmente interessante como podemos pensar que o nosso rumo está traçado, e que tudo vai bem se nos mantivermos no passeio amarelo como a Dorothy. Em Call Jane, Joy, protagonizada por Elizabeth Banks, sentia-se assim. Casada, com uma filha adolescente e um bebé a caminho, via-se com a vida perfeita.

Até não ser.

O problema e a tentativa de o resolver

De repente, vemos a sua vida em risco e uma das suas únicas salvações é o aborto assistido. No entanto, apesar da sua vida estar em jogo, a ordem dos médicos nega tal pedido – afirmando que todas as vidas têm de ser respeitadas. É um momento intenso. Joy tinha entrado na sala com um sorriso, a indicar a sua compaixão, e à frente dela uma data de homens que estavam ali para a julgar, sem nunca conceber a sua existência. É machista.

Apesar de haver um marido bastante presente na sua vida, Will (Chris Messina), um advogado criminal, querendo ajudá-la, ele nunca haveria de ir contra as decisões que estavam impostas na lei. É um demonstrar da família perfeita aos olhos de todos. O marido perfeito que cuida da esposa, enquanto a mulher cuida da casa e da filha. A família tipicamente americana.

Das mais impactantes cenas do filme é o momento no cimo das escadas, quando Joy repensa se aquele é mesmo o caminho que devia tomar para terminar com o sofrimento. Toda a cena é silenciosa e intensa e acho que foi muito bem respeitada. De facto, não era um momento de alegria. Era tenso e desesperante. É com o esgotar das suas tentativas que ela encontra o anúncio:

“Grávida? Ansiosa? Procura Ajuda! Liga à Jane.”

Com o mistério em volta da localização desta organização, chamada Jane, temos o primeiro encontro com as mulheres que estão por detrás de tudo. Ao primeiro impacto, o médico não nos dá qualquer tipo de empatia, levando até a um paralelo com o final do filme. Joy faz o procedimento com a ajuda da Jane. A sua saúde melhora e está pronta para voltar para a sua vida. É aí que conhecemos Virginia.

Protagonizada por Sigourney Weaver, Virginia é a mulher por detrás do negócio. Apesar de ter apreciado outras personagens feitas por esta atriz (Ellen, em Alien, ou Dr. Grace, em Avatar), a personagem em Call Jane é simples e luta contra as injustiças existentes na sociedade. Apesar de ter tomado por garantido que Joy queria participar, notamos que Virginia viu algo na nossa protagonista que mais ninguém viu (nem mesmo ela).

Este potencial deu uma reviravolta ao filme. As cores, antes um tanto escuras, especialmente na organização, começam a clarear. É como se o tabu em volta do aborto, e do corpo feminino, se fosse dissipando.

“Todo o mundo está a ver!”

O filme começa com uma manifestação hippie e com os jovens a gritar pelas ruas que “todo o mundo está a ver”. É uma mensagem que achei importante remeter para o final do filme, que termina já bem nos anos 70. A importância de lutar por aquilo que acreditamos e no que achamos justo. O início é um tanto lento, mas combina com a imagem que quer passar – às vezes as batalhas demoram para serem ganhas. Além disso, a banda sonora conseguiu fazer um bom contraste, criando uma boa dinâmica. Temos 121 minutos de personagens fortes. Mas também não sei até que ponto não se deve também à profundidade criada pelas próprias atrizes, Elizabeth Banks e Sigourney Weaver.

O mundo está constantemente a mudar e enquanto houver alguém a querer fazer a diferença, há sempre esperança.

 

 

 

 

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Tem 25 anos e veio de cultura e comunicação. Adora cultura pop, é viciada em spoilers ao ponto de ir ver as últimas páginas dos livros. Para ela, Team Marvel é que é.

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