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Cinema

Daniel Craig: 5 Bonds Depois

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daniel craig

Cinco filmes, sexta encarnação, 15 anos, 18 meses de atraso, 25º filme, um ator… nem só de números vive James Bond, o mais famoso dos segredos, mas os de Daniel Craig não deixam de impressionar. O seu turno chega ao fim e está na altura de recordar o legado que deixou.

Há quem prefira um James Bond clássico, sempre de fato, cara lavada e boas maneiras. Depois há aqueles que reconhecem a nova versão de Bond, “suja” e cheia de falhas como uma evolução natural e necessária da personagem. Inegável é que Daniel Craig mudou, talvez permanentemente, o estilo de uma personagem que teima em se manter relevante e lucrativa. De um jogo de cartas a um regresso da reforma para salvar o mundo das mãos de Rami Malek, os últimos cinco filmes da saga mostram o lado mais dramático da personagem, trocando o glamour pela tragédia pessoal.

daniel craig

Estreia de No Time to Die estava originalmente planeada para abril de 2020, mas chega aos cinemas apenas agora, seis anos depois de Spectre.

Só Sean Connery (sete) e Roger Moore (seis) protagonizaram mais vezes o famoso espião inglês, mas o caminho de Craig foi tudo menos evidente e sereno. Foi uma escolha inesperada dos produtores e o próprio recusou o papel inicialmente (Hugh Jackman e Colin Farrell eram as alternativas). Na altura de ler o argumento, na fala em que o Bartender pergunta se Bond quer o Vodka Martini batido ou misturado, e este responde com a delicadeza característica, foi o momento que convenceu o inglês a abraçar o projeto, o momento em que percebeu que o seu Bond seria diferente. Desde então, o ator deu a cara e principalmente o corpo ao manifesto ao longo de 15 anos, com mazelas que o demonstram.

No final de Spectre, Craig disse que preferia “cortar os pulsos a ter que fazer outro Bond”. Apesar de admitir que a escolha de palavras não foi feliz e que a sua brincadeira soou demasiado literal aos olhos do mundo, confessa que estava saturado das exigências físicas do papel e de se magoar – Perdeu dentes e cortou-se na cara em Casino Royale, rasgou um musculo do ombro em Quantum of Solace, partiu uma perna em Spectre e rasgou três tendões em No Time to Die. Para além do esforço físico, também nunca soube lidar bem com a fama que acarreta ser 007. Já demonstrou várias vezes, e é o primeiro a admitir, que não tem jeito para a fama nem para o ambiente em Hollywood, logo, ser o espião mais famoso do mundo não lhe foi fácil gerir.

Num dos seus últimos comentários como cara do franchise, disse que James Bond não deveria ser protagonizado por uma mulher… porque as mulheres devem ter direito ao seu próprio franchise. Palavras sábias na minha singela opinião. Se a ideia é continuar a espremer leite desta vaca que cisma em dar dinheiro, que se mantenha a personagem o mais fiel a si mesma. Há muitos filmes de ação, mas só há um James Bond. É verdade que os filmes são sempre espelho da atualidade, é também verdade que é necessário uma progressão e visão fresca para manter a personagem relevante, mas o que continuamos a gostar mais em JB7 é a familiaridade de saber ao que vamos.

Aidan Turner, Cillian Murphy, Damian Lewis, Dan Stevens, Daniel Kaluuya, Henry Cavill, Henry Golding, Idris Elba, Jack Huston, James Norton, Jamie Dornan, John Boyega, Kit Harington, Luke Evans, Michael Fassbender, Nicholas Hoult, Regé-Jean Page, Richard Madden, Richard Madden, Riz Ahmed, Robert Pattinson, Sam Heughan, Tom Ellis, Tom Hardy, Tom Hiddleston… muitos são os nomes a pairar para se tornaram no sétimo 007 e suceder a Craig, mas, segundo os produtores, só em 2022 é que se começa a pensar nisso. Sem dúvida que será dos castings mais disputados de sempre e há excelentes escolhas na lista, mas dependerá sempre do que pretendem da próxima encarnação. A irreverência da juventude que rompe de vez com o passado, ou um regresso ao clássico e ao charme?

Estou bastante curioso para ver o próximo destino da personagem e de que modo irá enfrentar os próximos anos. O que parece bem fincada é a vontade de manter o franchise no cinema e não adaptar para o streaming. O que por si só já demonstra uma vontade em permanecer tradicionalista (até ver!).

O que me parece incontestável é que Daniel Craig pode descansar finalmente no fim do seu ciclo, sabendo que merece um lugar no “Panteão Bond”…

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