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Cinema

Clint Eastwood – O Último Cowboy

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Sabem aquelas pessoas já com alguma idade a quem dizemos “só gostava de chegar à sua idade com essa pedalada!”? Bom, o que é suposto dizermos a Clint Eastwood, que aos 91 anos continua a fazer múltiplas funções nos filmes que apresenta? Cry Macho, que estreia esta quinta-feira, e provavelmente nem deve ser o último da carreira.

Eastwood já foi de tudo um pouco na vida. Para além de argumentista, realizador, ator e produtor em Hollywood, piscou os olhos à música e aventurou-se na política. Apesar de aos olhos dos fãs ser uma espécie de figura imutável, um eterno “velho” com chapéu de cowboy de olhar fulminante e voz pesada, o nonagenário faz questão de salientar que não é o mesmo homem de há 60 anos. Com a genética a ajudar (o avô e a mãe viveram para lá dos 90 anos também), não podemos ignorar a sua vontade em manter-se relevante frente às câmaras, tentando reinventar-se a ao mesmo tempo mantendo um estilo característico. Sejam os fãs velhos ou novos, os seus filmes continuam a ter um publico leal à sua visão e ritmo.

Nasceu durante a Grande Depressão dos anos 30, fez de tudo um pouco nos jovens anos, mas foi com “Rawhide” que teve a sua estreia como ator em televisão. Quando viajou para a europa para fazer uns spaghetti westerns, provavelmente não suspeitava que a sua vida nunca mais seria a mesma. A trilogia do realizador Sergio Leoine, “Fistful of Dollars” (1964), “For a Few Dollars More” (1965) e “The Good, the Bad and the Ugly” (1966) catapultou o então ator de 36 anos para o estrelato mundial. A presença dura, os olhos azuis e cara fechada definiram o ator e um estilo de cinema. “Dirty Harry” (1971) manteve a arma por perto, mas desta vez o durão tenta trazer a justiça da bala para as ruas da cidade. O filme selou o seu estatuto de durão e é, muito provavelmente, o seu papel mais reconhecido.

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Intercalado com filmes em que saltava entre polícia ou cowboy, Clint mostrava também que era capaz de algo mais. “The Bridges of Madison County” (1995) foi uma escolha surpreendente para protagonizar, mas a performance, a história e a química com Meryl Streep tornaram o filme num clássico. Além de protagonizar, este foi também mais um projeto em que o californiano assumiu a dupla função de realizar, mas não foi a primeira vez. No mesmo ano em que Dirty Harry estreava, também Eastwood se estreou na cadeira de realizador com “Play Misty for Me”, e cedo percebeu que queria contar histórias à sua maneira, com a sua cunha e personalidade. “Mystic River” (2003), “Million Dollar Baby” (2004), “Letters of Iwo Jima” (2006), “Gran Torino” (2008) e “American Sniper” (2014). No total, são 45 créditos, 45 projectos que contaram com a sua cunha e cimentaram o talento tanto à frente como atrás da câmara.

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A história e o papel que Eastwood assume em “Cry Macho”, não surpreendem ninguém se olharmos para a sua trajetória. O projeto tem andado dentro e fora do congelamento da gaveta há 30 anos, com Roy Schneider (1991) e Schwarzenegger (em 2011, que marcaria o seu regresso ao cinema depois da política) a quase protagonizarem Mike Milo no grande ecrã. A verdade é que foi preciso a “teimosia” de Eastwood para finalmente trazer a história para a realidade. Milo é uma antiga sensação do rodeo com sucesso curto como criador de cavalos. A pedido de um velho amigo, Mike propõe-se a viajar ao México para resgatar um jovem da mãe alcoólica. A viagem de regresso é tudo menos tranquila e, ao tentar mostrar ao jovem Rafa o que significa ser um bom homem, Milo tenta fazer as pazes com o seu próprio passado.

Se aos 45 créditos de realização somarmos 52 como produtor, 10 como compositor e 72 como ator, dá para encher várias vidas e várias carreiras em Hollywood. 41 nomeações aos Óscares e 13 na prateleira quase parece pouco para tudo o que fez. Não sabemos se é teimosia ou eterna insatisfação que alimentam a fome por mais, o que sabemos é que se quiser continuar a dedicar a vida ao cinema enquanto o coração lhe bater no peito, não há ninguém que fica a perder. O legado de Clint Eastwood é incontestável e tudo o que vier no futuro é mais um presente para o mundo.

 

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