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Mr. Sunshine – o drama de escolher entre lutar pela liberdade e lutar pelo amor

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Quando a sinergia perfeita de história, elenco, música, produção e direção criam algo que só se pode considerar epicamente sublime.

Mr. Sunshine é um drama sul-coreano, escrito pela guionista Kim Eun Sook (Goblin, Descendants of the Sun) e com realização de Lee Eung Bok (Sweet Home, Goblin). Foi nomeado para vários prémios, tendo ganho, entre outros, o prémio de Drama do Ano e o Grand Prize (Daesang) nos 6th APAN Star Awards, de 2018 e o prémio de Melhor Actor (Lee Byung-hun) nos 55th Baeksang Arts Awards, em 2019. Esta série é dos k-dramas contemporâneos mais bem classificados a nível mundial. Conta com 24 episódios, cada um entre os 60 e 80 minutos, à exceção do 24º que passa da hora e meia. A Netflix adquiriu os direitos da série à TvN, estando desde que estreou em streaming no nosso catálogo com legendas em português.

O plot passa-se na cidade de Hanseong (atual Seul), no fim do século XIX e início do século XX, aquando da ocupação japonesa e do fim da dinastia de Joseon. É uma ficção que se foca nas lutas dos rebeldes (ativistas) pela liberdade da Coreia. Apesar das histórias dos protagonistas serem criações da guionista, o drama que vivem é bem real, Eun Sook muniu-se de referências históricas deste período negro da cronologia coreana a fim de criar nesta trama o equilíbrio perfeito entre ficção e verídico. O quotidiano da população na altura, as roupas, as mentalidades, os costumes, tudo serve para aprender um pouco mais de História e maravilhar-nos com isso.

Uma crescente obra de arte do primeiro ao último episódio

O que, na minha opinião, carateriza mais Mr. Sunshine é a cinematografia. Os olhos do espetador vão ficar maravilhados com os cenários e a a fotografia. Não é só a questão de escolher um bonito sítio para as filmagens, é também, a capacidade de captar os ângulos certos e editar maravilhosamente o produto final. Um exemplo que posso dar, que é uma das minhas cenas favoritas, envolve um eclipse solar visto por três personagens diferentes em três locais diferentes; foi uma das melhores compilações que já vi. Alguns dos locais de filmagens foram: maioritariamente, o estúdio Nonsan Sunshine, localizado em Chungcheongnam-do; um pequeno espaço em Andong chamado Manhyujeong Pavilion; a floresta Samneungsup na montanha Gyeongju Namsan e a Casa Unbo, local onde viveu uma famosa artista coreana e que serviu para retratar a embaixada norte-americana dos anos 1900.

Uma história complexa com uma diversidade cultural

A história pode parecer um pouco aborrecida no começo, com uma base muito militar, mas ao longo do tempo, se realmente estiverem interessados e atentos, percebem que está escrita com um certo je ne sais quoi. No argumento não se ouve só coreano e japonês, mas também, inglês (americano), francês e até russo. Isto, porque a península coreana sempre esteve no meio de questões políticas e militares estrangeiras, tendo em 1910, sido anexada ao território japonês, e mais tarde, após a II Guerra Mundial sido dividida pelos EUA e a União Soviética. Mas aqui o mais importante que se pode referir, é como apesar de todas as personagens principais serem coreanas, as suas histórias desenvolvem-se a partir de contactos, que não vou dizer quais, com as outras culturas.

Interpretações magníficas que deixam uma pessoa de rastos

As personagens começam com perspetivas e agendas diferentes e vão “despertando” para a mesma visão e objetivo. Todas as personagens são importantes, e damos por nós num rebuliço de emoções. Em várias alturas foram necessários vários lenços de papel, pois as facadas no coração foram muitas (não experimentem ver isto na pausa do almoço no local de trabalho ou na viagem de comboio, falo por experiência). A banda sonora como sempre nunca falha e piora a situação dos lenços. O romance está on point, nem muito doce nem muito salgado, digamos assim que bem temperado. Tem alturas de comédia, especialmente num certo bromance que acontece e naquelas personagens secundárias que fazem disso o seu propósito.

O que posso apenas mais dizer é para se sentarem num local fresco com uma caixa de lenços ao lado, e se não tiverem companhia, uma almofada para agarrarem. Mr. Sunshine é daqueles dramas de uma vida, deixa marcas e saudades e aquela mágoa de saber a pouco. Liguem a Netflix e assistam, depois digam-me se estou enganada…

Mais conhecida como Vicky, é bioantropóloga com um enorme gosto por ossos, esqueletos e evolução humana. Tem uma paixão desde que nasceu pela cultura popular, de literatura ao cinema. Uma geek assumida e orgulhosa! O seu hobby preferido atualmente é perder-se na cultura popular asiática, especialmente nos anime e K-dramas.

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