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Friends, 25 anos depois, nada mudou…

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Como quase tudo que é extremamente popular, há sempre quem adore e quem “odeie” Friends. O que faz dela um verdadeiro fenómeno é que, num meio que é por si bastante temporário, consegue hoje ser incrivelmente relevante. Ame-se ou não, toda a gente sabe o que é Friends.

Este mês faz 25 anos que estreou originalmente. Lembram-se de todas as séries que viram no ano passado? A resposta é provavelmente “não”. Mas este fenómeno da NBC consegue ainda hoje ser dos produtos televisivos mais requisitados. Porquê? Na minha singela opinião, a explicação é bastante simples: coesão e generalismo.

Friends não sofreu do mal que abate quase todas as séries de sucesso: a eventual partida de um ou mais membros do elenco original. As seis individualidades permaneceram juntas e isso ajuda a vender a ilusão de uma história coesa, do mesmo apartamento, das mesmas personalidades. É bom saber que por muito que a nossa vida possa mudar numa década, Friends será Friends. Juntamente com o imutável grupo de atores vem um imutável status quo que ajuda a que tudo seja familiar, caloroso.

Num momento em que tanto se fala de diversidade, e de quase uma obrigatoriedade em “martelar” certas temáticas porque são relevantes ao período que vivemos, Friends vive num extraordinário “ponto caramelo” cultural. Os anos 90 são modernos, mas não são revolucionários do ponto de vista cultural ou tecnológico. Não há distrações de redes sociais ou uso excessivo de telemóvel, há cafés e encontros. Isto faz com que seja relacionável com todas as gerações. Os mais velhos reconhecem aquele estilo de vida e os mais novos adoram explorar aquela “antiguidade” que nunca chega a ser alienígena, como as vestimentas e penteados dos anos 80.

Claro que Friends tem os seus problemas, como alguma insensibilidade para algumas temáticas sociais a que somos conscientes atualmente. É quase inegável que seja um pouco insensível às piadas homofóbicas, fruto, claro, do seu tempo. Há uma ausência de diversidade racial e um dos gags mais populares da série, Fat Monica, seria algo impossível de reproduzir na televisão moderna. Pode também ser acusada de alguma “cobardia”, ao não querer evoluir do ponto de vista narrativo para se manter o mais familiar e amistosa possível. Curiosamente, tem resistido ao máximo a qualquer tentativa de “cancelamento”, provando que quando as pessoas gostam de algo, são capazes de filtrar o pior e reter o melhor.

Há ainda três aspetos que são, na minha opinião, absolutamente cruciais para este fenómeno. 1) A cor de uma série pode não ser algo que se pense logo à partida, mas a jovialidade do elenco vive juntamente com o ambiente multicolorido. Nem me refiro apenas ao cenário, mas também à paleta de cores. Comparando, por exemplo, com Seinfeld, esta última é uma série bem mais castanha e pastel, menos convidativa. 2) O grande impulsionador para alguém ver uma série é, e será sempre, o passa-palavra. Não há Emmys ou Globos de Ouro que cheguem aos pés de um “pah, adorei, tens de ver” de alguém próximo. Sendo Friends tão fácil de agradar, é muito fácil de recomendar. 3) Embora seja quase um sacrilégio para quem vê séries religiosamente, há uma grande parte do público que tem os streamings em play como “companhia”. Quem use como barulho de fundo enquanto se anda pela casa. O que é melhor do que uma série leve, de episódios curtos, engraçada, que não precisa de atenção?!

236 episódios depois, 10 temporadas, um milhão de dólares por episódio para cada ator nas duas ultimas temporadas e 20 milhões a cada um por ano em direitos, 47 músicas da Phoebe, seis Emmys (62 nomeações)… são tudo números que espelham o sucesso da, embora discutível no estatuto de melhor, mais bem sucedida sitcom de sempre. Friends faz 25 anos, mas atrevo-me a dizer que ainda está aí para as curvas durante mais uns anos, já que a fadiga não parece afetar este grupo de amigos.

Friends: The Reunion estreia esta quinta-feira, na HBO Portugal. Contará com o elenco original – Jennifer Aniston, Courteney Cox, Lisa Kudrow, Matt LeBlanc, Matthew Perry e David Schwimmer – e celebra a série e o seu legado. Este especial, filmado no estúdio 24 da Warner Brothers, sem guião e na primeira pessoa, contará ainda com alguns convidados especiais David Beckham, Cindy Crawford, Lady Gaga, Kit Harington, Tom Selleck e Reese Witherspoon.

Todas as temporadas da série estão disponíveis na HBO Portugal.

 

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