Cinema
Já assistimos ao Snyder Cut! Conheça as primeiras impressões sobre o filme
Conheça as primeiras impressões do filme Liga da Justiça de Zack Snyder
Justice League chega de novo aos ecrãs com a promessa de um produto diferente, a partir de uma base que já é conhecida. A história, os protagonistas e as cenas são as que já conhecemos, mas esta versão surge refrescada pela visão de um realizador que alcançou um estatuto de, pelo menos, rei dos memes. Uma coisa é certa, não é difícil fazer melhor que Joss Whedon em 2017…
Obviamente, e mais importante que tudo o resto, o que salta imediatamente à vista é a duração do Snyder Cut. A principal beneficiária desta multiplicação foi, sem dúvida alguma, a história, afetando tudo à sua volta com a luz que irradia. Nesta versão, as cenas já não parecem ter sido cortadas com uma faca de gume cego, as transições já não são incompreensíveis e o filme tem agora espaço para respirar. E como ele respira! Há as tradicionais cenas em slow motion à lá Snyder, mas aqui quase abusa. Em 2021, conseguimos ter um filme em que a primeira fala é no fim de todos os créditos iniciais. Simultaneamente, o criador dá-se ao trabalho de fazer uma ponte visual e narrativa com os momentos finais de Batman V Superman. A duração funciona para o bem e para o mal.
Na versão anterior, tudo o que envolve Darkseid foi retirado e isso em muito contribuiu (percebe-se agora em retrospetiva) para a fraqueza do antagonista. Steppenwolf mencionou brevemente o mestre e passou uma irritável quantidade de tempo a referir-se às pedras como “Mãe”, como que uma Martha – Parte 2… e foi só isso. Agora, tudo o que envolve o conquistador e a sua relação com o seu Senhor é muito mais satisfatória e não vem aos trambolhões.
Certo é o facto de não haver muitas pessoas capazes de devorar o filme de uma assentada. Snyder até o divide em atos para ajudar aqueles que decidem ir dormir e ver o resto amanhã. Com as duas horas extras, quando o assunto é personagens e o seu desenvolvimento, é como comparar água com o vinho. Principalmente quando estamos a falar de um filme que tem ainda o trabalho de apresentar duas personagens neste Universo.
Nesse aspeto, arrisco-me a dizer que Cyborg é quase um protagonista acima de todos os outros. O tempo que lhe é dedicado para explicar os seus poderes, a relação com o pai e até a forma como é usado enquanto expositor de narrativa, é uma mudança drástica daquilo que vimos antes. Flash tem mais momentos de comic relief e até uma cena em slow motion que rivaliza com a de Quicksilver em X-Men. Além disso, torna-se mais crucial para o desfecho da história. Batman não parece ter sofrido muito com os cortes e Aquaman, embora tenha perdido algumas frases feitas, manteve o tom. Wonder Woman está bem mais solta e descontraída no papel. Com mais tempo de antena, mas também com mais momenttos a puxar ao feminismo forçado, com frases como “Podes ser aquilo que quiseres” ou “eu não pertenço a ninguém”. Ao nível de cringe está semelhante à cena em Endgame em que miraculosamente todas as mulheres se juntam no campo de batalha. É importante passar a mensagem, mas é preciso fazê-lo também de maneira mais orgânica.
Entre os grandes vencedores desta versão, destacam-se também os efeitos visuais. A este nível, o filme está muito menos sombrio (para isso muito contribui a nova armadura de “lantejoulas” de Steppenwolf!). Claramente não houve grandes contenções de custos. Para além das cenas completamente novas, as que já eram conhecidas foram sendo alargadas, como a memorável cena do renascer de Super-Homem, por exemplo.
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Pequenas notas que importam salientar:
– Joker apareceu mais na internet, em artigos relacionados com o seu cameo, do que no filme. No entanto, é uma boa cena, com um Jared Leto menos “espalhafatoso” e mais incisivo. A gargalhada persiste, no entanto…
– Não se percebe o porquê da primeira visão de Batman, em que é alertado para o potencial papel determinante de Lois na trama, ter sido cortada desta versão. Principalmente quando há uma outra visão no final.
– É difícil não comparar este Darkseid com Thanos. Mas se calhar pode dizer-se o mesmo para qualquer coisa que envolva os dois universos…
– Martian Manhunter é uma personagem a ser potencialmente explorada no futuro (quem sabe com um filme próprio). Não sabia nada da personagem, mas o facto de ser mais poderoso que Super-Homem é algo que pode vir a ser interessante.
– É uma pena que Ben Affleck nem sempre sinta o amor que este seu Batman merece. É facil comparar com a obra de Nolan ou ridicularizar uma personagem cujo superpoder é ser rico no meio de deuses, mas como ator, não há nada a apontar.
Comecei o texto por dizer que era difícil fazer pior do que a versão original de Justice League, mas também não é justo comparar ambas as obras. Jack Snyder fez este projeto em God Mode, com dinheiro quase ilimitado e sem restrições de tempo para repensar todas as decisões. O que também é certo é que todos os rumores que se ouviram sobre o Snyder Cut não passavam de exageros, isto se tivermos em consideração o quanto o realizador acrescentou ao filme, desde que passou a ser projeto HBO Max (novas filmagens e milhares de efeitos especiais). Se já era uma obra incrível e praticamente acabada antes, porque foi necessário fazer tanto agora?! Teria sido curioso ver como Snyder iria adaptar este projeto tão pessoal para a “constrição” de duas/três horas numa sala de cinema. Nunca saberemos.
O resultado final só pode dar em sucesso. É uma história francamente melhor, consistente, com mais camadas e visualmente num outro patamar. Um excelente produto de entretenimento para quem adora super-heróis, mas que não irá converter quem acha tudo uma “fantochada”. Parece-me mais do que óbvio que há muito mais para explorar e mais filmes virão. Veremos como Snyder e/ou a Warner darão seguimento a esta história.
Podem ver Zack Snyder’s Justice League a partir de 18 de março na HBO Portugal.
Publicado por: Vítor Rodrigues
Um dinossauro no mundo das séries. Coleciona Blu-Rays, adora Legos, completa jogos a 100%, devora podcasts e ama tudo que envolva não sair de casa.